TRANSFORMANDO PEDRAS DE TROPEÇO EM ALICERCE
Gn 15 e 16
Quando analisamos alguns dos maiores homens de Deus percebemos que eles em sua caminhada cometeram os maiores erros. Porém, voltar para o percurso e continuar após nossos erros às vezes requerem de nós uma fé muito grande. É geralmente após nossos maiores erros que nós caímos na realidade de que nossos maiores esforços não alcançaram nossos alvos. É aí que nossa fé se torna real. Nesse ponto é que ela é direcionada para Aquele que é a Verdade. Nossa fé tem de estar Nele, e não em nós mesmos e nem mesmo em nossa fé.
Nesse ponto passamos a entender a verdade crucial que a única coisa que podemos fazer para Deus é crer Nele. Tudo o que recebemos até mesmo nossa fé, recebemos Dele.
Embora aqueles que possuem a fé verdadeira sejam abatidos ocasionalmente, eles sempre se levantarão e serão mais fortes do que antes, independente de quão detestáveis seus erros venham a ser. A maioria dos heróis das Escrituras atingiu suas maiores vitórias após seus piores erros. Deus é redenção, e Ele testifica isso através de todos aqueles que Ele chama.
Quando tentamos fazer com que as promessas se cumpram através de nossos próprios esforços, podemos criar problemas que nos seguirão até o fim de nossas vidas, e até mesmo afetar nossos descendentes, como foi com Abraão.
Em Gênesis 15 o Senhor falou a Abrão numa visão: “Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua recompensa! Mas Abrão perguntou: ‘Ó Soberano Senhor, que me darás, se continuo sem filhos e o herdeiro do que possuo é Eliézer de Damasco? E acrescentou: Tu não me deste filho algum! Um servo da minha casa será meu herdeiro’. Então o Senhor lhe deu a seguinte resposta: ‘Seu herdeiro não será esse. Um filho gerado por você mesmo será o seu herdeiro’. Levando-o para fora da tenda, disse-lhe: ‘Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las’. E prosseguiu: ‘Assim será a sua descendência’. Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça. Disse-lhe ainda: ‘Eu sou o Senhor, que o tirei de Ur dos caldeus para dar-lhe esta terra como herança’...”.
O capítulo 15 começa com o tratamento profético “não tenha medo”. Deus tranqüiliza o medo que brota naturalmente em nós quando estamos na presença direta do Senhor. Deus lembra Abrão de sua promessa descrita em Gênesis 13:15-16 ‘toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência’, porém, ele questiona a promessa com uma declaração corajosa de dúvida. Deus reitera sua promessa e aponta para os céus, o que não prova nada. Mas perante a palavra e a visão Abrão acredita em Deus, ou seja, Ele confia no poder da palavra de Deus para criar uma realidade. Por sua crença absoluta, ele é chamado de justo. A libertação do medo permite o caminhar fiel.
A consagração de uma aliança requer a participação de duas partes que se comprometem solenemente uma com a outra. Em um ato litúrgico de adoração, a aliança preparada une graciosamente as promessas de Deus ao futuro de Abrão. Ele não sabe quando as promessas serão cumpridas, concorda em esperar porque confia em Deus.
Quando o Senhor prometeu a Abrão uma descendência numerosa ele tinha 75 anos, mas ela só se cumpriu 25 anos depois quando ele tinha 100 anos. Nesse tempo de espera é que nossa fé precisa ser desenvolvida para não cometermos erros que possam comprometer todo o nosso futuro. Quando a jornada é longa, a visão enfraquece e sementes de dúvida começam a crescer.
Sarai, mulher de Abrão vendo que dez anos havia se passado após a promessa e ela não lhe dera filhos, resolveu entregar sua serva Agar a Abrão para que este a tomasse e que a promessa se cumprisse através dela, ou seja, ela fez uma proposta para dar uma ajudinha pra Deus, Gênesis 16. Como se Deus precisasse da nossa ajuda! E assim Abrão atendeu ao pedido de sua esposa.
Isso significa que Sarai e Abrão tentaram forçar o cumprimento das promessas de Deus de olho no calendário humano e pelo emprego de métodos e recursos próprios, o que resultou em um conflito entre os descendentes de Isaque e Ismael que dura até hoje. Quem depende de Deus faz as coisas certas no tempo de Deus, da maneira de Deus e pelo poder de Deus.
Porém, quando interferimos nos propósitos de Deus estamos trazendo problema para as nossas vidas ao invés de bênção. Depois que Agar, a serva, ficou grávida, começou a olhar sua senhora com desprezo, isso significa que ela passou a sofrer as conseqüências dos seus atos.
De acordo com o costume da época, no antigo Oriente Próximo, o fato de se ter uma concubina para obter um herdeiro era legal e aceito por todos. Mas esse não era o plano de Deus. Ele queria manifestar a sua glória através do sobrenatural.
Precisamos tomar cuidado para não tomarmos posse do Ismael que aparece em nosso caminho pensando que é Isaque. Para isso é necessário buscarmos ao Senhor, nos derramarmos em tua presença. É necessário ter intimidade com o Senhor para discernirmos o que é da carne e o que é do Espírito. O que é Ismael e o que é Isaque (riso, alegria).
Se errarmos, precisamos reconhecer nossos erros, nos humilharmos, nos arrependermos, nos derramarmos em seu altar e deixarmos o Senhor ser Senhor da nossa vida. Nossa função é apenas adorar, esperar com fé e paciência, depender totalmente do Senhor, deixar Deus transformar nossas vidas e buscar ter intimidade com Ele. O mais Ele fará.
Ismael é nascido da semente terrena, nascido segundo a carne, sustentado através de lutas e esforços, enquanto Isaque é o filho da promessa.
Não podemos confundir a bênção do Senhor com a presença do Senhor. Quando a semente verdadeira aparece, sempre existirá um conflito, porque os Ismaéis tentarão destruir os Isaques que aparecerem para tomar os seus lugares. Aqueles que seguem segundo as aparências certamente seguirão a Ismael.
A semente escolhida de Deus, seja um trabalho ou uma pessoa, raramente serve de algum proveito para os que têm mentes terrenas. A semente verdadeira parece insignificante aos de mente terrena. Aqueles que julgam através da aparência colherão sementes carnais e vão detestar a semente verdadeira.
Hoje em dia, tem muita gente tomando posse de Ismael pensando que é Isaque, simplesmente porque só quem é espiritual consegue ver o que é espiritual e se alguém está na carne vê Ismael com bênção e Isaque como inimigo. Quantos homens e mulheres carnais têm sido adorados e quantos homens e mulheres espirituais têm sido detestados!
Muitas vezes a bênção está na nossa frente e não vemos porque estamos olhando para a aparência do Ismael, com os olhos da carne. Precisamos buscar a visão espiritual para enxergar o Isaque que verdadeiramente nos fará felizes. Ismael aparece para nos confundir, pelo olhar humano ele é a promessa, mas na verdade ele é como a Palavra diz em Gênesis 16:12 ‘Ele será como um jumento selvagem; sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele, e ele viverá em hostilidade contra todos os seus irmãos’. Então, cuidado! Tomar posse de Ismael significa tomar posse de tribulação.
A medida que buscamos comunhão com Deus, passamos a contemplar pelos olhos da fé a cidade de Deus e as maiores realizações humanas passam a ser comuns. Se vivemos em castelos ou em cavernas não nos importa, o que importa é estarmos na presença gloriosa do nosso Deus. Se habitamos no Senhor, habitamos em Sua glória, independente das circunstâncias.
A fé verdadeira vem ao termos os olhos do nosso entendimento aberto pelo Senhor, até que possamos vê-Lo e ver a Cidade Santa mais nitidamente do que vemos o nosso mundo. Esse é o objetivo do deserto, é um processo de transformação em que vamos passar a ver o nosso tempo no deserto como um tesouro, porque é ali que nos tornamos íntimos de Deus. Quando o Senhor disse a Faraó para libertar o povo foi com o objetivo de que eles fossem para o deserto celebrar uma festa, ou seja, o Senhor nos leva para o deserto para o adorarmos, para que nós venhamos a ter intimidade com Ele e construirmos o verdadeiro alicerce de nossas vidas.
É no deserto que construímos a habitação de Deus para que Ele habite no meio de nós. Embora possamos caminhar durante anos por lugares secos, os tesouros do Egito e da Babilônia perderão o seu valor para nós, porque iremos enxergar o verdadeiro tesouro que é Jesus Cristo. Passamos a valorizar o que é eterno, porque nossa herança está no Senhor, na vida eterna em Cristo Jesus e temos a eternidade para desfrutarmos dela.